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O livro "As cores da luz", de Fernando Dassan, em minha opinião pode ser definido com um tratado sobre a luz, embora não tenha da parte dele essa pretensão. A verdade é que a obra, resultante de um longo trabalho de pesquisa sobre as perspectivas da luz, se envereda numa dimensão da historicidade em que ela (luz) se situa como o substrato fundamental da cultura humana, tomado o sentido dessa como extensão do natural corpo humano ("o olho é um prolongamento do pé", como diria Marshall McLuahn).

Luz e cultura, com todas as implicações que essa interação provoca, aparece em sua obra do início ao fim: Sol, Lua, estrelas, raios, arco-íris, fotossíntese, fogo, pólvora, noite, dia, sombras, trevas,  penumbra, crepúsculos, gêneses, mitos, magias, olhares, impressões,  ideias, consciências, experiências, vivências, perenidade, eternidade, criação, ciência, fé, evolução, enfim tudo o que a alma e o olhar humano criaram e vislumbraram na referência da luz, da luminosidade e da falta delas.

Esse entendimento da cultura é fundamental para navegar na leitura do livro sem esbarrar nos pontos em que "parece" que uma coisa não tem nada a ver com outra .Tudo tem sentido, tudo se relaciona, mas essas relações são diferenciadas, algumas tendo mais "poder" que as outras, tomando como exemplo o impacto do Sol sobre a vida no planeta e o impacto do fogo de artifício sobre a visão humana. Lembro-me aqui que durante mais de 4.000 anos os chineses, que inventaram a pólvora, usaram-na para fazer fogos de artifício e quando os europeus a descobriram, na Idade Média, em pouquíssimo tempo inventaram o canhão.

Na obra, o Fernando destaca o papel da luz como clareamento de ideias e potências na filosofia grega e no pensamento iluminista, além de situar a luz como um instrumento da liberdade e da destruição dos poderes personificados. Focaliza ainda a luz como a essência na obra de arte, destacando as gradações das cores na pintura, usando como exemplos vários pintores, de Rembrandt a Munch, de Mondrian a Basquiat. Todas as consequências do domínio da tônica da luz sobre a arte aparecem na obra, desde as primeiras escolas, nas cavernas, passando pela arte medieval, o Renascimento, o neoclassicismo, o impressionismo os grafitis, as pichações, os outdoors e o comércio das obras. É enfim, um livro de aprendizado, para iniciantes, para quem já se debruçou sobre o tema que ele propôs e para quem nunca pensou que o olhar pudesse ver como ele viu. Recomendo muito a leitura do livro.

21/11/2019

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Fernando Dassan


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