Treinar o olhar para alcançar uma visão estética mais apurada foi uma busca constante em minha vida. Comecei a desenhar com cinco anos de idade. A partir da observação de meus trabalhos artísticos, comecei a questionar até onde a cor que eu enxergava era a mesma que outra pessoa via. Eu indagava se seria possível desenvolver uma linguagem padronizada para estabelecer uma determinada cor. Como seria esse alfabeto cromático? Seria possível fazer poesias ou sinfonias com as cores?
Em 1987, escrevi os primeiros textos e estabeleci algumas conexões entre todas as etapas envolvidas no processo visual. Queria descrever a assimilação de uma imagem, da origem da luz aos olhos, do sistema visual à sua interpretação no cérebro. Meu objetivo era conectar o máximo de informação possível em uma espécie de conhecimento pretensamente enciclopédico, dando uma importância muito maior às conexões existentes entre os assuntos do que à profundidade que cada um deles merece individualmente.
Quanto mais eu me aprofundava em algum assunto específico, mais me afastava do objetivo de expandir essa rede superficial de conexões pretendidas. As abordagens dos tópicos precisariam atingir um equilíbrio entre o superficial e o profundo. Esse foi o grande desafio, temendo apresentar um texto excessivamente superficial e desconexo.
Com o desenvolvimento da pesquisa, considerei, além dos aspectos científicos e artísticos, os aspectos filosóficos e mitológicos sobre luz e cores. Finalmente, em 2014, organizei todos os textos, separando-os em quatro partes: luz, visão, cores e harmonia. Cada parte foi subdividida em três capítulos, totalizando 224 páginas.
Fernando Dassan - 2019